Uma bela adaptação do livro O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. Eu disse bela, mas não perfeita. De longe, o livro ainda "ganha" disparadamente do filme. Com essa produção, soma-se duas adpatações já feitas sobre o livro, uma de 1945 e essa, de 2009. Nessa, creio que houve faltas e exageros. O elenco é bom, sobretudo, o papel exercido por Colin Firth que faz Henry Wotton. O Dorian Gray, de fato, realizado por Ben Barnes, deixa um pouco a desejar. Sobrou beleza e faltou experiência para fazer um personagem dessa amplitude e densidade. A fotografia do filme e a trilha sonora são dignas de nota: excelentes. No entanto, tem algumas cenas que necessitariam de maior atenção na edição, como aquela em que, na mesma cena, uma câmera pega o ambiente todo iluminado e na continuação da tomada, muda-se a câmera e também a iluminação do cenário, mostrando um ambiente quase sem luz. Bom, o filme conta então a história do jovem e belo Dorian Gray. O rapaz se muda para a cidade e empreende uma amizade com Henry, esse que será uma influência determinante na vida de Dorian. Henry prega tudo aquilo que sempre desejou fazer, mas não pôde, seja por conta da sua idade ou por ser casado e tal. O Lord vai ser responsável por conduzir Dorian a experiências das mais diversas, endurecendo o coração do pobre rapaz. Porém, quando Basil faz um retrato de Dorian, sem saber, o artista aprisiona a alma do rapaz. Assim, Dorian se mantém com toda sua vaidade, beleza, juventude e ganância enquanto seu retrato, ou melhor, sua alma, é dotada de toda a podridão resultante dos seus atos e dos anos passados. Creio que houve excessos na apresentação das orgias. Porém, cinematograficamente, esssas cenas foram muito bem feitas, pois o expectador consegue curtir, junto com Dorian, o frenesi daqueles estímulos e sensações ora desconhecidos. Faltou um pouco mais de mistério, uma ar mais sombrio que está bem presente no livro de Wilde. Enfim, creio que não devo ser tão dura assim também nas críticas. Afinal, literatura e cinema são duas produções bem diferenciadas e com regras próprias, específicas a cada campo. O livro tem um tempo mais lento, mais analítico e cheio de detalhes, esses que, quando o cinema tenta captá-los não alcançam grandes êxitos, mesmo porque o filme possui um tempo mais acelerado de fluxo narrativo. Mas, sem dúvida, esse exercício de análise entre uma produção e outra é importante de ser realizado, a fim de que possamos construir nossas próprias visões sobre as obras analisadas.
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