Pensando na premiação cinematográfica oferecida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles, sob o signo da famosa e visada estatueta, publicarei resenhas críticas (e o link para downloads) das principais indicações dignas de Oscar. O escolhido para estrear a sessão foi Cisne negro.
Cisne negro (2010) dirigido por nada mais e nada menos que Darren Aronofsky, explora, como não podia deixar de ser, os limites humanos. O diretor começou a ganhar destaque no universo cinematográfico depois da recepção do surrealista e impressionista PI (1998) (isso mesmo, o número matemático que expressa o valor de 3,1415...) e do psicodélico (e aclamado no mundo cult) Requiém for a Dream (Requiém para um sonho - 2000). Assim, Cisne negro trabalha sob uma perspectiva semelhante: a história da bailarina Nina, uma garota que sofre com a proteção excessiva da mãe e com seu perfeccionismo. Mesclado a isso estão as alucionações frequentes da garota que tramitam entre os limites do real, irreal, surreal e imaginário. Ser bailarina já é uma tarefa árdua que exige uma disciplina incomum, excessiva, além de forçar os limites físicos de qualquer pessoa. Além disso, há a pressão oriunda do próprio mundo artístico - competitividade entre bailarinas - da mãe e a do diretor, esse que exige que Nina sinta, viva e liberte seus desejos reprimidos. O diretor, Thomas e outra bailarina, Lily, envolve Nina numa teia de erotismo e prazer, confundindo ainda mais a garota e potencializando suas paranóias. Além disso, após ser selecionada para o papel principal da peça Lago dos Cisnes, Nina tem de enfrentar seus próprios medos e angústicas provocados pela sina de ser, em sua concepção, imperfeita. Tanto na peça quanto no filme, o cisne branco e o cisne negro são faces de uma mesma pessoa, mas com características totalmente diferentes, antagônicas. Nina se encaixa no perfil do cisne branco, contida, correta, doce e inocente, enquanto Lily, que também almeja o papel, representaria, dessa forma, o cisne negro, pois demonstra maior leveza, liberdade, ousadia e sensualidade. No começo da película, a insegurança e apatia da personagem provoca certa morosidade a trama, porém Nina cresce ao longo do filme e ganha força, graças a belíssima e comovente interpretação de Natalie Portman. Portman, de fato, se entregou a personagem e, mais uma vez, assim como em Closer, trouxe a trama toda para si, concentrando a atenção do telespectador para os problemas psicológicos de sua personagem.
Essa produção, além do roteiro, têm outras qualidades: a cenografia e a fotografia são bem construídas e bonitas esteticamente. Mais uma vez - porém menos que em Pi - o diretor investe no figurino, maquiagens e cenografia em tons de cinza, branco e preto, privilegiando assim, o ar sombrio do terror psicológico e suspense que a trama provoca. A técnica fílmica utilizada pelo diretor também é brilhante, pois ele lança mão de recursos para intensificar a sensação de perseguição da personagem, como a cena que mostra Nina se refletir em diversos espelhos, com reflexos diferenciados. Aliado a isso, está a belíssima forma com que a peça de balé é mostrada, essa que transportada para a sétima arte, é agradável de ser apreciado. Aqui, a atuação de Portman faz toda a diferença, já que a atriz consegue mesclar passos delicados de balé, seu ar doce e inocente com uma interpretação dramática e, por vezes, psicótica.
Ps: Sempre olhei com certo preconceito esses filmes concorrentes ao Oscar e acho que esse fato fez eu me surpreender ainda mais com essa produção. Uma ótima indicação para uma tarde cinzenta de domingo como hoje.
Cisne Negro
5 indicações ao Oscar:
Melhor filme
Melhor diretor
Melhor atriz
Melhor fotografia
Melhor edição
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